quarta-feira, 31 de julho de 2013

Evo Morales


Discurso do presidente boliviano aos chefes de estado europeus:

"Aqui eu, Evo Morales, vim encontrar aqueles que participam da reunião.

Aqui eu, descendente dos que povoaram a América há quarenta mil anos, vim encontrar os que a encontraram há somente quinhentos anos.

Aqui pois, nos encontramos todos. Sabemos o que somos, e é o bastante. Nunca pretendemos outra coisa.

O irmão aduaneiro europeu me pede papel escrito com visto para poder descobrir aos que me descobriram. O irmão usurário europeu me pede o pagamento de uma dívida contraída por Judas, a quem nunca autorizei vender-me.

O irmão rábula europeu me explica que toda dívida se paga com bens ainda que seja vendendo seres humanos e países inteiros sem pedir-lhes consentimento. Eu os vou descobrindo. Também posso reclamar pagamentos e também posso reclamar juros. Consta no Archivo de Índias, papel sobre papel, recibo sobre recibo e assinatura sobre assinatura, que somente entre os anos 1503 e 1660 chegaram a San Lucas de Barrameda 185 mil quilos de ouro e 16 milhões de quilos de prata provenientes da América.

Saque? Não acredito! Porque seria pensar que os irmãos cristãos pecaram em seu sétimo mandamento.

Expoliação? Guarde-me Tanatzin de que os europeus, como Caim, matam e negam o sangue de seu irmão!

Genocídio? Isso seria dar crédito aos caluniadores, como Bartolomé de las Casas, que qualificam o encontro como de destruição das Índias, ou a radicais como Arturo Uslar Pietri, que afirma que o avanço do capitalismo e da atual civilização europeia se deve à inundação de metais preciosos!

Não! Esses 185 mil quilos de ouro e 16 milhões de quilos de prata devem ser considerados como o primeiro de muitos outros empréstimos amigáveis da América, destinado ao desenvolvimento da Europa. O contrário seria presumir a existência de crimes de guerra, o que daria direito não só de exigir a devolução imediata, mas também a indenização pelas destruições e prejuízos. Não.

Eu, Evo Morales, prefiro pensar na menos ofensiva destas hipóteses.

Tão fabulosa exportação de capitais não foi mais que o início de um plano ‘MARSHALLTESUMA’, para garantir a reconstrução da bárbara Europa, arruinada por suas deploráveis guerras contra os cultos muçulmanos, criadores da álgebra, da poligamia, do banho cotidiano e outras conquistas da civilização.

Por isso, ao celebrar o Quinto Centenário do Empréstimo, poderemos perguntar-nos: os irmãos europeus fizeram uso racional, responsável ou pelo menos produtivo dos fundos tão generosamente adiantados pelo Fundo Indoamericano Internacional? Lastimamos dizer que não. Estrategicamente, o dilapidaram nas batalhas de Lepanto, em armadas invencíveis, em terceiros reichs e outras formas de extermínio mútuo, sem outro destino que terminar ocupados pelas tropas gringas da OTAN, como no Panamá, mas sem canal. Financeiramente, têm sido incapazes, depois de uma moratória de 500 anos, tanto de cancelar o capital e seus fundos, quanto de tornarem-se independentes das rendas líquidas, das matérias primas e da energia barata que lhes exporta e provê todo o Terceiro Mundo. Este deplorável quadro corrobora a afirmação de Milton Friedman segundo a qual uma economia subsidiada jamais pode funcionar e nos obriga a reclamar-lhes, para seu próprio bem, o pagamento do capital e os juros que, tão generosamente temos demorado todos estes séculos em cobrar. Ao dizer isto, esclarecemos que não nos rebaixaremos a cobrar de nossos irmãos europeus as vis e sanguinárias taxas de 20 e até 30 por cento de juros, que os irmãos europeus cobram dos povos do Terceiro Mundo. Nos limitaremos a exigir a devolução dos metais preciosos adiantados, mais o módico juros fixo de 10 por cento, acumulado somente durante os últimos 300 anos, com 200 anos de graça.

Sobre esta base, e aplicando a fórmula europeia de juros compostos, informamos aos descobridores que nos devem, como primeiro pagamento de sua dívida, uma massa de 185 mil quilos de ouro e 16 milhões de quilos de prata, ambos valores elevados à potência de 300. Isto é, um número para cuja expressão total, seriam necessários mais de 300 algarismos, e que supera amplamente o peso total do planeta Terra.

Muito pesados são esses blocos de ouro e prata. Quanto pesariam, calculados em sangue?

Alegar que a Europa, em meio milênio, não pode gerar riquezas suficientes para cancelar esse módico juro, seria tanto como admitir seu absoluto fracasso financeiro e/ou a demencial irracionalidade das bases do capitalismo.

Tais questões metafísicas, desde logo, não inquietam os indoamericanos. Mas exigimos sim a assinatura de uma Carta de Intenção que discipline os povos devedores do Velho Continente, e que os obrigue a cumprir seus compromissos mediante uma privatização ou reconversão da Europa, que permita que a nos entregue inteira, como primeiro pagamento da dívida histórica."

sexta-feira, 26 de julho de 2013

Public Enemy - Don't believe the hype




Back
Caught you lookin' for the same thing
It's a new thing check out this I bring
Uh Oh the roll below the level
'Cause I'm livin' low next to the bass C'mon
Turn up the radio
They claim that I'm a criminal
By now I wonder how
Some people never know
The enemy could be their friend guardian
I'm not a hooligan
I rock the party and
Clear all the madness,
I'm not a racist
Preach to teach to all
'Cause some they never had this
Number one, not born to run
About the gun...
I wasn't licensed to have one
The minute they see me, fear me
I'm the epitome - a public enemy
Used, abused without clues
I refused to blow a fuse
They even had it on the news
Don't believe the hype...

Yes
Was the start of my last jam
So here it is again, another def jam
But since I gave you all a little something
That we knew you lacked
They still consider me a new jack
All the critics you can hang'em
I'll hold the rope
But they hope to the pope
And pray it ain't dope
The follower of Farrakhan
Don't tell me that you understand
Until you hear the man
The book of the new school rap game
Writers treat me like Coltrane, insane
Yes to them, but to me I'm a different kind
We're brothers of the same mind, unblind
Caught in the middle and
Not surrenderin' I don't rhyme for the sake of of riddlin'
Some claim that I'm a smuggler
Some say I never heard of 'ya
A rap burgler, false media
We don't need it do we?
It's fake that's what it be to 'ya, dig me?
Don't believe the hype...

 Don't believe the hype - its a sequel
As an equal, can I get this through to you
My 98's boomin' with a trunk of funk
All the jealous punks can't stop the dunk
Comin' from the school of hard knocks
Some perpetrate, they drink Clorox
Attack the black, cause I know they lack exact
The cold facts, and still they try to Xerox
Leader of the new school, uncool
Never played the fool, just made the rules
Remember there's a need to get alarmed
Again I said I was a timebomb
In the daytime the radio's scared of me
'Cause I'm mad, plus I'm the enemy
They can't c'mon and play with me in primetime
'Cause I know the time, plus I'm gettin' mine
I get on the mix late in the night
They know I'm livin' right, so here go the mike, sike
Before I let it go, don't rush my show
You try to reach and grab and get elbowed
Word to herb, yo if you can't swing this
Just a little bit of the taste of the bass for you
As you get up and dance at the LQ
When some deny it, defy if I swing bolos
Then they clear the lane I go solo
The meaning of all of that
Some media is the whack
You believe it's true, it blows me through the roof
Suckers, liars get me a shovel
Some writers I know are damn devils
For them I say don't believe the hype
Yo Chuck, they must be on a pipe, right?
Their pens and pads I'll snatch
'Cause I've had it
I'm not an addict fiendin' for static
I'll see their tape recoreder and grab it
No, you can't have it back silly rabbit
I'm going' to my media assassin
Harry Allen, I gotta ask him
Yo Harry, you're a writer, are we that type?
Don't believe the hype
I got flavor and all those things you know
Yeah boy, part two bum rush and show
Yo Griff, get the green black red and
Gold down countdown to Armageddon
-88 you wait the S1Ws will
Rock the hard jams - treat it like a seminar
Teach the bourgeoise, and rock the boulevard
Some say I'm negative
But they're not positive
But what I got to give...
The media says this


quinta-feira, 18 de julho de 2013

Augusto dos Anjos – Versos íntimos

Vês! Ninguém assistiu ao formidável
Enterro de tua última quimera.
Somente a Ingratidão – esta pantera –
Foi tua companheira inseparável!

Acostuma-te à lama que te espera!
O Homem, que, nesta terra miserável,
Mora entre feras, sente inevitável
Necessidade de também ser fera.

Toma um fósforo. Acende teu cigarro!
O beijo, amigo, é véspera do escarro,
A mão que afaga é a mesma que apedreja.

Se a alguém causa inda pena a tua chaga,
Apedreja essa mão vil que te afaga,
Escarra nessa boca que te beija!


Augusto de Carvalho Rodrigues dos Anjos (Cruz do Espírito Santo, 20.4.1884 — Leopoldina, 12.11.1914) foi um poeta brasileiro, identificado muitas vezes como simbolista ou parnasiano. Todavia, muitos críticos preferem identificá-lo como pré-modernista, pois encontramos características nitidamente expressionistas em seus poemas. É conhecido como um dos poetas mais críticos do seu tempo, e até hoje sua obra é admirada tanto por leigos como por críticos literários.