domingo, 29 de dezembro de 2013

Renato Andrade - Siriema no Campo


Renato Andrade (Abaeté, 28/8/1932 — 30/12/2005) foi um músico compositor e instrumentista brasileiro. É considerado um dos maiores mestres da viola caipira instrumental.

Por influência familiar, Renato foi ainda jovem para Belo Horizonte estudar violino. Mais tarde, de volta à sua terra natal, apaixonou-se pelo som da viola caipira e dedicou-se completamente ao instrumento. Tornou-se um virtuoso que mesclava o erudito ao popular e introduziu a viola caipira nas salas de concerto. O primeiro trabalho solo, "A Fantástica Viola de Renato Andrade", foi lançado em 1977. Aparece ao lado de músicos como Almir Sater, Chico Lobo, Ivan Vilela e Pereira da Viola. Em 1972, teve participação importante no disco "Piano e Viola", de Taiguara.

Costumava brincar, dizendo:

“Viola é como mortadela. Todo mundo gosta, mas tem vergonha de comer na frente dos outros.”

domingo, 8 de dezembro de 2013

Nelson Mandela


Nelson Rolihlahla Mandela (Mvezo, 18-7-1918  — Joanesburgo, 5-12-2013) foi um advogado, líder rebelde e presidente da África do Sul de 1994 a 1999, considerado como o mais importante líder da África Negra, ganhador do Prêmio Nobel da Paz de 1993, e Pai da Pátria da moderna nação sul-africana.

Até 2009 havia dedicado 67 anos de sua vida à causa que defendeu como advogado dos direitos humanos e pela qual se tornou prisioneiro de um regime de segregação racial, até ser eleito o primeiro presidente da África do Sul livre, razão pela qual em sua homenagem, a Organização das Nações Unidas instituiu o Dia Internacional Nelson Mandela no dia de seu nascimento, como forma de valorizar em todo o mundo a luta pela liberdade, pela justiça e pela democracia.

Nascido numa família de nobreza tribal, numa pequena aldeia do interior onde possivelmente viria a ocupar cargo de chefia, abandonou este destino aos 23 anos ao seguir para a capital Joanesburgo e iniciar atuação política. Passando do interior rural para uma vida rebelde na faculdade, transformou-se em jovem advogado na capital e líder da resistência não-violenta da juventude em luta, acabando como réu em um infame julgamento por traição, foragido da polícia e o prisioneiro mais famoso do mundo, após o qual veio a se tornar o político mais galardoado em vida, responsável pela refundação do seu país - em moldes de aceitar uma sociedade multiétnica.

Em seu foro íntimo, enfrentou dramas pessoais e permaneceu fiel ao dever de conduzir seu país. Foi o mais poderoso símbolo da luta contra o regime segregacionista do Apartheid, sistema racista oficializado em 1948, e modelo mundial de resistência. No dizer de Ali Abdessalam Treki, Presidente da Assembleia Geral das Nações Unidas, "um dos maiores líderes morais e políticos de nosso tempo".

http://archives.nelsonmandela.org/home



quarta-feira, 27 de novembro de 2013

Deuses de Dois Mundos - A trilogia épica dos Orixás



Na África ancestral, Orunmilá, o maior adivinho de todos os tempos, não entende por que seus instrumentos se calaram. Nos dias atuais, um jovem jornalista se aventura pelas ruas de São Paulo, tentando fugir de uma missão que não deveria ser sua. Em Deuses de dois mundos, o autor PJ Pereira dá vida a personagens como Ogum, Xangô, Oxóssi e Oxum, que se unem a gente do nosso tempo para resgatar os 16 príncipes do destino, numa narrativa épica que preserva toda a sensualidade e violência original dos mitos africanos dos orixás.
O primeiro livro da trilogia - O Livro do Silêncio - será lançado nas livrarias de todo o Brasil em 25 de novembro de 2013.
Esse book trailer foi produzido pela Laundry Design, de Los Angeles, com trilha sonora de Otto e Pupillo (Nação Zumbi), participação especial de Andreas Kisser (Sepultura) e narração de Gilberto Gil.
"Na mitologia dos iorubás, um dos povos africanos dos quais traficantes roubaram homens, mulheres e crianças para trazer para o Brasil como escravos, deuses e humanos um dia viveram juntos. Até que dois desses deuses brigaram e criaram a separação entre o orum (que chamamos de céu) e o aiê (terra). Ao construir Deuses de Dois Mundos: O Livro do Silêncio, PJ Pereira põe a mitologia de cabeça para baixo, juntando de novo humanos e deuses num mesmo cotidiano, fundindo mito e ficção, recriando um universo em que os ciclos da repetição são rompidos e substituídos pelo produto da imaginação do autor, que, no entanto, os faz voltar em seguida ao movimento original. Em termos mitológicos esse jogo poderia resultar numa catástrofe como a que dividiu o mundo em dois, mas para nossa sorte o que a inversão operada por PJ Pereira pretende e consegue é produzir um livro delicioso de se ler, um 'livro do silêncio', que é capaz, contraditoriamente, de nos falar bem alto, como gosta a boa mitologia." - Reginaldo Prandi, Professor da USP e Autor de Mitologia dos Orixás.

quinta-feira, 24 de outubro de 2013

Rage Against The Machine - Renegades Of Funk



"Renegades Of Funk"

No matter how hard you try, you can't stop us now
No matter how hard you try, you can't stop us now

We're the renegades of this atomic age
This atomic age of renegades
Renegades of this atomic age
This atomic age of renegades

Since the Prehistoric ages and the days of ancient Greece
Right down through the Middle Ages
Planet earth kept going through changes
And then the Renaissance came and times continued to change
Nothing stayed the same but there were always renegades
Like Chief Sitting Bull, Tom Paine
Dr. Martin Luther King, Malcolm X
They were renegades of their time and age
So many renegades

We're the renegades of funk
We're the renegades of funk
We're the renegades of funk
We're the renegades of funk

From a different solar system many many galaxies away
We are the force of another creation
A new musical revelation
And we're on this musical mission to help the others listen
And groove from land to land singin' electronic chants like
Zulu nation
Revelations
Destroy our nations
Destroy our nations

Now renegades are the people with their own philosophies
They change the course of history
Everyday people like you and me
We're the renegades we're the people
With our own philosophies
We change the course of history
Everyday people like you and me
C'mon
We're the renegades of funk
We're the renegades of funk
We're the renegades of funk
We're the renegades of funk

Poppin', sockin', rockin' puttin' a side of hip-hop
Because where we're goin' there ain't no stoppin'
Poppin', sockin', rockin', puttin' a side of hip-hop
Because where we're goin' there ain't no stoppin'
Poppin', sockin', rockin' puttin' a side of hip-hop
'Cause we're poppin', sockin', rockin' puttin' a side of hip-hop
Poppin', sockin', rockin' puttin' a side of hip-hop

We're the renegades of funk
We're the renegades of funk
We're the renegades of funk
We're the renegades of funk

We're teachers of the funk
And not of empty popping
We're blessed with the force and the sight of electronics
With the bass, and the treble the horns and our vocals
'Cause every time I pop into the beat we get fresh

There was a time when our music
Was something called the Bay Street beat
People would gather from all around
To get down to the big sound
You had to be a renegade in those days
To take a man to the dance floor

Say jam sucker (jam)
Say jam sucker (jam)
Say groove sucker (groove)
Say groove sucker (groove)
Say dance sucker (dance)
Say dance sucker (dance)
Now move sucker (move)
Now move sucker (move)

We're the renegades of funk

domingo, 6 de outubro de 2013

Nina Simone - Four Women



Nina Simone - Four Women

My skin is black
My arms are long
My hair is woolly
My back is strong
Strong enough to take the pain
Inflicted again and again
What do they call me
My name is aunt sarah
My name is aunt sarah

My skin is yellow
My hair is long
Between two worlds
I do belong
My father was rich and white
He forced my mother late one night
What do they call me
My name is saffronia
My name is saffronia

My skin is tan
My hair is fine
My hips invite you
My mouth like wine
Whose little girl am i?
Anyone who has money to buy
What do they call me
My name is sweet thing
My name is sweet thing

My skin is brown
My manner is tough
I'll kill the first mother i see
My life has been too rough
I'm awfully bitter these days
Because my parents were slaves
What do they call me
My name is peaches

quinta-feira, 26 de setembro de 2013

Chimamanda Adichie: O perigo da história única




Chimamanda nasceu em Abba, no estado de Anambra, mas cresceu na cidade universitária de Nsukka, no sudeste da Nigéria, onde se situa a Universidade da Nigéria. Seu pai era professor de Estatística na universidade, e sua mãe trabalhava como secretária no mesmo local. Quando completou dezenove anos, deixou a Nigéria e se mudou para os Estados Unidos da América. Depois de estudar na Universidade Drexel, na Filadélfia, Chimamanda se transferiu para a Universidade de Connecticut. Fez estudos de escrita criativa na Universidade Johns Hopkins de Baltimore, e mestrado de estudos africanos na Universidade Yale.


quarta-feira, 25 de setembro de 2013

Discurso de Dilma Rousseff na ONU em 25/09/2013




"Embaixador John Ashe, Presidente da 68ª Assembleia-Geral das Nações Unidas,
Senhor Ban Ki-moon, Secretário-Geral das Nações Unidas,

Excelentíssimos Senhores Chefes de Estado e de Governo,

Senhoras e Senhores,

Permitam-me uma primeira palavra para expressar minha satisfação em ver um ilustre representante de Antígua e Barbuda –país que integra o Caribe tão querido no Brasil e em nossa região– à frente dos trabalhos desta Sessão da Assembleia-Geral.

Conte, Excelência, com o apoio permanente de meu Governo.

Permitam-me também, já no início da minha intervenção, expressar o repúdio do governo e do povo brasileiro ao atentado terrorista ocorrido em Nairóbi. Expresso as nossas condolências e a nossa solidariedade às famílias das vítimas, ao povo e ao governo do Quênia.

O terrorismo, onde quer que ocorra e venha de onde vier, merecerá sempre nossa condenação inequívoca e nossa firme determinação em combatê-lo. Jamais transigiremos com a barbárie.

Senhor Presidente,

Quero trazer à consideração das delegações uma questão a qual atribuo a maior relevância e gravidade. Recentes revelações sobre as atividades de uma rede global de espionagem eletrônica provocaram indignação e repúdio em amplos setores da opinião pública mundial.

No Brasil, a situação foi ainda mais grave, pois aparecemos como alvo dessa intrusão. Dados pessoais de cidadãos foram indiscriminadamente objeto de interceptação.

Informações empresariais –muitas vezes, de alto valor econômico e mesmo estratégico– estiveram na mira da espionagem. Também representações diplomáticas brasileiras, entre elas a Missão Permanente junto às Nações Unidas e a própria Presidência da República tiveram suas comunicações interceptadas.

Imiscuir-se dessa forma na vida de outros países fere o Direito Internacional e afronta os princípios que devem reger as relações entre eles, sobretudo, entre nações amigas.

Jamais pode uma soberania firmar-se em detrimento de outra soberania. Jamais pode o direito à segurança dos cidadãos de um país ser garantido mediante a violação de direitos humanos e civis fundamentais dos cidadãos de outro país.

Pior ainda quando empresas privadas estão sustentando essa espionagem. Não se sustentam argumentos de que a interceptação ilegal de informações e dados destina-se a proteger as nações contra o terrorismo.

O Brasil, senhor presidente, sabe proteger-se. Repudia, combate e não dá abrigo a grupos terroristas. Somos um país democrático, cercado de países democráticos, pacíficos e respeitosos do Direito Internacional. Vivemos em paz com os nossos vizinhos há mais de 140 anos.

Como tantos outros latino-americanos, lutei contra o arbítrio e a censura e não posso deixar de defender de modo intransigente o direito à privacidade dos indivíduos e a soberania de meu país.

Sem ele –direito à privacidade– não há verdadeira liberdade de expressão e opinião e, portanto, não há efetiva democracia. Sem respeito à soberania, não há base para o relacionamento entre as nações.

Estamos, senhor presidente, diante de um caso grave de violação dos direitos humanos e das liberdades civis; da invasão e captura de informações sigilosas relativas as atividades empresariais e, sobretudo, de desrespeito à soberania nacional do meu país.

Fizemos saber ao governo norte-americano nosso protesto, exigindo explicações, desculpas e garantias de que tais procedimentos não se repetirão.

Governos e sociedades amigas, que buscam consolidar uma parceria efetivamente estratégica, como é o nosso caso, não podem permitir que ações ilegais, recorrentes, tenham curso como se fossem normais. Elas são inadmissíveis.

O Brasil, senhor presidente, redobrará os esforços para dotar-se de legislação, tecnologias e mecanismos que nos protejam da interceptação ilegal de comunicações e dados.

Meu governo fará tudo que estiver a seu alcance para defender os direitos humanos de todos os brasileiros e de todos os cidadãos do mundo e proteger os frutos da engenhosidade de nossos trabalhadores e de nossas empresas.

O problema, porém, transcende o relacionamento bilateral de dois países. Afeta a própria comunidade internacional e dela exige resposta. As tecnologias de telecomunicação e informação não podem ser o novo campo de batalha entre os Estados.

Este é o momento de criarmos as condições para evitar que o espaço cibernético seja instrumentalizado como arma de guerra, por meio da espionagem, da sabotagem, dos ataques contra sistemas e infraestrutura de outros países.

A ONU deve desempenhar um papel de liderança no esforço de regular o comportamento dos Estados frente a essas tecnologias e a importância da internet, dessa rede social, para construção da democracia no mundo.

Por essa razão, o Brasil apresentará propostas para o estabelecimento de um marco civil multilateral para a governança e uso da internet e de medidas que garantam uma efetiva proteção dos dados que por ela trafegam.

Precisamos estabelecer para a rede mundial mecanismos multilaterais capazes de garantir princípios como:

1 – Da liberdade de expressão, privacidade do indivíduo e respeito aos direitos humanos.

2 – Da Governança democrática, multilateral e aberta, exercida com transparência, estimulando a criação coletiva e a participação da sociedade, dos governos e do setor privado.

3 – Da universalidade que assegura o desenvolvimento social e humano e a construção de sociedades inclusivas e não discriminatórias.

4 – Da diversidade cultural, sem imposição de crenças, costumes e valores.

5 – Da neutralidade da rede, ao respeitar apenas critérios técnicos e éticos, tornando inadmissível restrições por motivos políticos, comerciais, religiosos ou de qualquer outra natureza.

O aproveitamento do pleno potencial da internet passa, assim, por uma regulação responsável, que garanta ao mesmo tempo liberdade de expressão, segurança e respeito aos direitos humanos.

Senhor presidente, senhoras e senhores,

Não poderia ser mais oportuna a escolha da agenda de desenvolvimento pós-2015 como tema desta Sessão da Assembleia-Geral. O combate à pobreza, à fome e à desigualdade constitui o maior desafio de nosso tempo.

Por isso, adotamos no Brasil um modelo econômico com inclusão social, que se assenta na geração de empregos, no fortalecimento da agricultura familiar, na ampliação do crédito, na valorização do salário e na construção de uma vasta rede de proteção social, particularmente por meio do nosso programa Bolsa Família.

Além das conquistas anteriores, retiramos da extrema pobreza, com o Plano Brasil sem Miséria, 22 milhões de brasileiros, em apenas dois anos. Reduzimos de forma drástica a mortalidade infantil. Relatório recente do UNICEF aponta o Brasil como país que promoveu uma das maiores quedas deste indicador em todo o mundo.

As crianças são prioridade para o Brasil. Isso se traduz no compromisso com a educação. Somos o país que mais aumentou o investimento público no setor educacional, segundo o ultimo relatório da OCDE. Agora vinculamos, por lei, 75% de todos os royalties do petróleo para a educação e 25% para a saúde.

Senhor presidente,

No debate sobre a Agenda de Desenvolvimento pós-2015 devemos ter como eixo os resultados da Rio+20.

O grande passo que demos no Rio de Janeiro foi colocar a pobreza no centro da agenda do desenvolvimento sustentável. A pobreza, senhor presidente, não é um problema exclusivo dos países em desenvolvimento, e a proteção ambiental não é uma meta apenas para quando a pobreza estiver superada.

O sentido da agenda pós-2015 é a construção de um mundo no qual seja possível crescer, incluir, conservar e proteger.

Ao promover, senhor presidente, a ascensão social e superar a extrema pobreza, como estamos fazendo, nós criamos um imenso contingente de cidadãos com melhores condições de vida, maior acesso à informação e mais consciência de seus direitos. Um cidadão com novas esperanças, novos desejos e novas demandas.

As manifestações de junho, em meu país, são parte indissociável do nosso processo de construção da democracia e de mudança social. O meu governo não as reprimiu, pelo contrário, ouviu e compreendeu a voz das ruas. Ouvimos e compreendemos porque nós viemos das ruas.

Nós nos formamos no cotidiano das grandes lutas do Brasil. A rua é o nosso chão, a nossa base. Os manifestantes não pediram a volta ao passado. Os manifestantes pediram sim o avanço para um futuro de mais direitos, mais participação e mais conquistas sociais.

No Brasil, foi nessa década, que houve a maior redução de desigualdade dos últimos 50 anos. Foi esta década que criamos um sistema de proteção social que nos permitiu agora praticamente superar a extrema pobreza.

Sabemos que democracia gera mais desejo de democracia. Inclusão social provoca cobrança de mais inclusão social. Qualidade de vida desperta anseio por mais qualidade de vida. Para nós, todos os avanços conquistados são sempre só um começo.

Nossa estratégia de desenvolvimento exige mais, tal como querem todos os brasileiros e as brasileiras. Por isso, não basta ouvir, é necessário fazer. Transformar essa extraordinária energia das manifestações em realizações para todos.

Por isso, lancei cinco grandes pactos: o pacto pelo Combate à Corrupção e pela Reforma Política; o pacto pela Mobilidade Urbana, pela melhoria do transporte público e por uma reforma urbana; o pacto pela Educação, nosso grande passaporte para o futuro, com o auxílio dos royalties e do fundo social do petróleo; o pacto pela Saúde, o qual prevê o envio de médicos para atender e salvar as vidas dos brasileiros que vivem nos rincões mais remotos e pobres do país; e o pacto pela Responsabilidade Fiscal, para garantir a viabilidade dessa nova etapa.

Senhoras e Senhores,

Passada a fase mais aguda da crise, a situação da economia mundial ainda continua frágil, com níveis de desemprego inaceitáveis. Os dados da OIT indicam a existência de mais de 200 milhões de desempregados em todo o mundo.

Esse fenômeno afeta as populações de países desenvolvidos e em desenvolvimento. Este é o momento adequado para reforçar as tendências de crescimento da economia mundial que estão agora dando sinais de recuperação.

Os países emergentes, sozinhos, não podem garantir a retomada do crescimento global. Mais do que nunca, é preciso uma ação coordenada para reduzir o desemprego e restabelecer o dinamismo do comércio internacional. Estamos todos no mesmo barco.

Meu país está recuperando o crescimento apesar do impacto da crise internacional nos últimos anos.

Contamos com três importantes elementos: i) o compromisso com políticas macroeconômicas sólidas; ii) a manutenção de exitosas políticas sociais inclusivas; iii) e a adoção de medidas para aumentar nossa produtividade e, portanto, a competitividade do país.

Temos compromisso com a estabilidade, com o controle da inflação, com a melhoria da qualidade do gasto público e a manutenção de um bom desempenho fiscal.

Seguimos, senhor presidente, apoiando a reforma do Fundo Monetário Internacional. A governança do fundo deve refletir o peso dos países emergentes e em desenvolvimento na economia mundial. A demora nessa adaptação reduz sua legitimidade e sua eficácia.

Senhoras e senhores, senhor presidente,

O ano de 2015 marcará o 70º aniversário das Nações Unidas e o 10º da Cúpula Mundial de 2005. Será a ocasião para realizar a reforma urgente que pedimos desde aquela cúpula.

Impõe evitar a derrota coletiva que representaria chegar a 2015 sem um Conselho de Segurança capaz de exercer plenamente suas responsabilidades no mundo de hoje. É preocupante a limitada representação do Conselho de Segurança da ONU, face os novos desafios do século XXI.

Exemplos disso são a grande dificuldade de oferecer solução para o conflito sírio e a paralisia no tratamento da questão israelo-palestina. Em importantes temas, a recorrente polarização entre os membros permanentes gera imobilismo perigoso.

Urge dotar o Conselho de vozes ao mesmo tempo independentes e construtivas. Somente a ampliação do número de membros permanentes e não permanentes, e a inclusão de países em desenvolvimento em ambas as categorias, permitirá sanar o atual déficit de representatividade e legitimidade do Conselho.

Senhor presidente,

O Debate Geral oferece a oportunidade para reiterar os princípios fundamentais que orientam a política externa do meu país e nossa posição em temas candentes da realidade e da atualidade internacional.

Guiamo-nos pela defesa de um mundo multilateral, regido pelo Direito Internacional, pela primazia da solução pacífica dos conflitos e pela busca de uma ordem solidária e justa – econômica e socialmente.

A crise na Síria comove e provoca indignação. Dois anos e meio de perdas de vidas e destruição causaram o maior desastre humanitário deste século. O Brasil, que tem na descendência síria um importante componente de nossa nacionalidade, está profundamente envolvido com este drama.

É preciso impedir a morte de inocentes, crianças, homens, mulheres e idosos. É preciso calar a voz das armas –convencionais ou químicas, do governo ou dos rebeldes. Não há saída militar. A única solução é a negociação, o diálogo, o entendimento.

Foi importante a decisão da Síria de aceder à Convenção sobre a Proibição de Armas Químicas e aplicá-la imediatamente. A medida é decisiva para superar o conflito e contribui para um mundo livre dessas armas. Seu uso, reitero, é hediondo e inadmissível em qualquer situação.

Por isso, apoiamos o acordo obtido entre os Estados Unidos e a Rússia para a eliminação das armas químicas sírias. Cabe ao governo sírio cumpri-lo integralmente, de boa-fé e com ânimo cooperativo.

Em qualquer hipótese, repudiamos intervenções unilaterais ao arrepio do Direito Internacional, sem autorização do Conselho de Segurança. Isto só agravaria a instabilidade política da região e aumentaria o sofrimento humano.

Da mesma forma, a paz duradoura entre Israel e Palestina assume nova urgência diante das transformações por que passa o Oriente Médio.

É chegada a hora de se atender às legítimas aspirações palestinas por um Estado independente e soberano.

É também chegada a hora de transformar em realidade o amplo consenso internacional em favor de uma solução de dois Estados.

As atuais tratativas entre israelenses e palestinos devem gerar resultados práticos e significativos na direção de um acordo.

Senhor presidente, senhoras e senhores,

A história do século XX mostra que o abandono do multilateralismo é o prelúdio de guerras, com seu rastro de miséria humana e devastação.

Mostra também que a promoção do multilateralismo rende frutos nos planos ético, político e institucional.

Renovo, assim, o apelo em prol de uma ampla e vigorosa conjunção de vontades políticas que sustente e revigore o sistema multilateral, que tem nas Nações Unidas seu principal pilar.

Em seu nascimento, reuniram-se as esperanças de que a humanidade poderia superar as feridas da Segunda Guerra Mundial.

De que seria possível reconstruir, dos destroços e do morticínio, um mundo novo de liberdade, de solidariedade e prosperidade.

Temos todos a responsabilidade de não deixar morrer essa esperança tão generosa e tão fecunda.

Muito obrigada, senhores e senhoras."

Dilma Rousseff


sábado, 31 de agosto de 2013

Dandy Livingstone - Black star



Faixa 3 do álbum "Conscious", de 1973.

At the age of 15, Livingstone moved to the United Kingdom. Livingstone's first record was released without his knowledge - a tenant in the building where he and a friend jammed recorded some of these sessions and released some tracks on the Planetone record label. When London-based Carnival Records were seeking a Jamaican vocal duo, Livingstone filled the requirement by double-tracking his own voice, releasing records in this fashion under the name 'Sugar and Dandy'. One of these singles, "What a Life", sold 25,000 copies, providing Livingstone with his first hit. When called on to perform live, Roy Smith was recruited to make up the duo, although he would be replaced by Tito "Sugar" Simon.

In 1967, Livingstone signed with Ska Beat Records, for whom he recorded his debut album 1968's Rocksteady with Dandy.

In 1968 Livingstone moved into production, and formed a duo with Audrey Hall (as 'Dandy and Audrey'). His production of other artists included The Marvels' debut album, and hit singles by Nicky Thomas ("Suzanne Beware of The Devil") and Tony Tribe ("Red Red Wine").

In the late 1960s, Livingstone worked with the trombonist, Rico Rodriguez, who had featured on "Rudy, A Message to You". Rodriguez later played with The Specials, whose 1979 cover version of the song made it famous. Livingstone produced several singles for Rodriguez under the name 'Rico and the Rudies'.

Livingstone signed to Trojan Records in 1968, releasing two albums, Follow That Donkey and Dandy Returns. A Trojan subsidiary, Down Town Records, was set up to release Livingstone's output, both as a singer and producer, the J-Dan subsidiary serving the same purpose in the early 1970s. In the early 1970s, Livingstone returned to Jamaica, living there until 1973.

Livingstone resurfaced in 1973 with the "Black Star" single on Mooncrest Records, and the album Conscious. On his return to the UK, he recorded a self-titled album at Byron Lee's studio.

The 2 Tone movement in Britain of the late 1970s brought Livingstone to a new audience.

It was announced on Sunday September 11, 2011 that Dandy would be performing for the first time in over 40 years at the 2012 London International Ska Festival on May 3-6.

quinta-feira, 15 de agosto de 2013

quarta-feira, 31 de julho de 2013

Evo Morales


Discurso do presidente boliviano aos chefes de estado europeus:

"Aqui eu, Evo Morales, vim encontrar aqueles que participam da reunião.

Aqui eu, descendente dos que povoaram a América há quarenta mil anos, vim encontrar os que a encontraram há somente quinhentos anos.

Aqui pois, nos encontramos todos. Sabemos o que somos, e é o bastante. Nunca pretendemos outra coisa.

O irmão aduaneiro europeu me pede papel escrito com visto para poder descobrir aos que me descobriram. O irmão usurário europeu me pede o pagamento de uma dívida contraída por Judas, a quem nunca autorizei vender-me.

O irmão rábula europeu me explica que toda dívida se paga com bens ainda que seja vendendo seres humanos e países inteiros sem pedir-lhes consentimento. Eu os vou descobrindo. Também posso reclamar pagamentos e também posso reclamar juros. Consta no Archivo de Índias, papel sobre papel, recibo sobre recibo e assinatura sobre assinatura, que somente entre os anos 1503 e 1660 chegaram a San Lucas de Barrameda 185 mil quilos de ouro e 16 milhões de quilos de prata provenientes da América.

Saque? Não acredito! Porque seria pensar que os irmãos cristãos pecaram em seu sétimo mandamento.

Expoliação? Guarde-me Tanatzin de que os europeus, como Caim, matam e negam o sangue de seu irmão!

Genocídio? Isso seria dar crédito aos caluniadores, como Bartolomé de las Casas, que qualificam o encontro como de destruição das Índias, ou a radicais como Arturo Uslar Pietri, que afirma que o avanço do capitalismo e da atual civilização europeia se deve à inundação de metais preciosos!

Não! Esses 185 mil quilos de ouro e 16 milhões de quilos de prata devem ser considerados como o primeiro de muitos outros empréstimos amigáveis da América, destinado ao desenvolvimento da Europa. O contrário seria presumir a existência de crimes de guerra, o que daria direito não só de exigir a devolução imediata, mas também a indenização pelas destruições e prejuízos. Não.

Eu, Evo Morales, prefiro pensar na menos ofensiva destas hipóteses.

Tão fabulosa exportação de capitais não foi mais que o início de um plano ‘MARSHALLTESUMA’, para garantir a reconstrução da bárbara Europa, arruinada por suas deploráveis guerras contra os cultos muçulmanos, criadores da álgebra, da poligamia, do banho cotidiano e outras conquistas da civilização.

Por isso, ao celebrar o Quinto Centenário do Empréstimo, poderemos perguntar-nos: os irmãos europeus fizeram uso racional, responsável ou pelo menos produtivo dos fundos tão generosamente adiantados pelo Fundo Indoamericano Internacional? Lastimamos dizer que não. Estrategicamente, o dilapidaram nas batalhas de Lepanto, em armadas invencíveis, em terceiros reichs e outras formas de extermínio mútuo, sem outro destino que terminar ocupados pelas tropas gringas da OTAN, como no Panamá, mas sem canal. Financeiramente, têm sido incapazes, depois de uma moratória de 500 anos, tanto de cancelar o capital e seus fundos, quanto de tornarem-se independentes das rendas líquidas, das matérias primas e da energia barata que lhes exporta e provê todo o Terceiro Mundo. Este deplorável quadro corrobora a afirmação de Milton Friedman segundo a qual uma economia subsidiada jamais pode funcionar e nos obriga a reclamar-lhes, para seu próprio bem, o pagamento do capital e os juros que, tão generosamente temos demorado todos estes séculos em cobrar. Ao dizer isto, esclarecemos que não nos rebaixaremos a cobrar de nossos irmãos europeus as vis e sanguinárias taxas de 20 e até 30 por cento de juros, que os irmãos europeus cobram dos povos do Terceiro Mundo. Nos limitaremos a exigir a devolução dos metais preciosos adiantados, mais o módico juros fixo de 10 por cento, acumulado somente durante os últimos 300 anos, com 200 anos de graça.

Sobre esta base, e aplicando a fórmula europeia de juros compostos, informamos aos descobridores que nos devem, como primeiro pagamento de sua dívida, uma massa de 185 mil quilos de ouro e 16 milhões de quilos de prata, ambos valores elevados à potência de 300. Isto é, um número para cuja expressão total, seriam necessários mais de 300 algarismos, e que supera amplamente o peso total do planeta Terra.

Muito pesados são esses blocos de ouro e prata. Quanto pesariam, calculados em sangue?

Alegar que a Europa, em meio milênio, não pode gerar riquezas suficientes para cancelar esse módico juro, seria tanto como admitir seu absoluto fracasso financeiro e/ou a demencial irracionalidade das bases do capitalismo.

Tais questões metafísicas, desde logo, não inquietam os indoamericanos. Mas exigimos sim a assinatura de uma Carta de Intenção que discipline os povos devedores do Velho Continente, e que os obrigue a cumprir seus compromissos mediante uma privatização ou reconversão da Europa, que permita que a nos entregue inteira, como primeiro pagamento da dívida histórica."

sexta-feira, 26 de julho de 2013

Public Enemy - Don't believe the hype




Back
Caught you lookin' for the same thing
It's a new thing check out this I bring
Uh Oh the roll below the level
'Cause I'm livin' low next to the bass C'mon
Turn up the radio
They claim that I'm a criminal
By now I wonder how
Some people never know
The enemy could be their friend guardian
I'm not a hooligan
I rock the party and
Clear all the madness,
I'm not a racist
Preach to teach to all
'Cause some they never had this
Number one, not born to run
About the gun...
I wasn't licensed to have one
The minute they see me, fear me
I'm the epitome - a public enemy
Used, abused without clues
I refused to blow a fuse
They even had it on the news
Don't believe the hype...

Yes
Was the start of my last jam
So here it is again, another def jam
But since I gave you all a little something
That we knew you lacked
They still consider me a new jack
All the critics you can hang'em
I'll hold the rope
But they hope to the pope
And pray it ain't dope
The follower of Farrakhan
Don't tell me that you understand
Until you hear the man
The book of the new school rap game
Writers treat me like Coltrane, insane
Yes to them, but to me I'm a different kind
We're brothers of the same mind, unblind
Caught in the middle and
Not surrenderin' I don't rhyme for the sake of of riddlin'
Some claim that I'm a smuggler
Some say I never heard of 'ya
A rap burgler, false media
We don't need it do we?
It's fake that's what it be to 'ya, dig me?
Don't believe the hype...

 Don't believe the hype - its a sequel
As an equal, can I get this through to you
My 98's boomin' with a trunk of funk
All the jealous punks can't stop the dunk
Comin' from the school of hard knocks
Some perpetrate, they drink Clorox
Attack the black, cause I know they lack exact
The cold facts, and still they try to Xerox
Leader of the new school, uncool
Never played the fool, just made the rules
Remember there's a need to get alarmed
Again I said I was a timebomb
In the daytime the radio's scared of me
'Cause I'm mad, plus I'm the enemy
They can't c'mon and play with me in primetime
'Cause I know the time, plus I'm gettin' mine
I get on the mix late in the night
They know I'm livin' right, so here go the mike, sike
Before I let it go, don't rush my show
You try to reach and grab and get elbowed
Word to herb, yo if you can't swing this
Just a little bit of the taste of the bass for you
As you get up and dance at the LQ
When some deny it, defy if I swing bolos
Then they clear the lane I go solo
The meaning of all of that
Some media is the whack
You believe it's true, it blows me through the roof
Suckers, liars get me a shovel
Some writers I know are damn devils
For them I say don't believe the hype
Yo Chuck, they must be on a pipe, right?
Their pens and pads I'll snatch
'Cause I've had it
I'm not an addict fiendin' for static
I'll see their tape recoreder and grab it
No, you can't have it back silly rabbit
I'm going' to my media assassin
Harry Allen, I gotta ask him
Yo Harry, you're a writer, are we that type?
Don't believe the hype
I got flavor and all those things you know
Yeah boy, part two bum rush and show
Yo Griff, get the green black red and
Gold down countdown to Armageddon
-88 you wait the S1Ws will
Rock the hard jams - treat it like a seminar
Teach the bourgeoise, and rock the boulevard
Some say I'm negative
But they're not positive
But what I got to give...
The media says this


quinta-feira, 18 de julho de 2013

Augusto dos Anjos – Versos íntimos

Vês! Ninguém assistiu ao formidável
Enterro de tua última quimera.
Somente a Ingratidão – esta pantera –
Foi tua companheira inseparável!

Acostuma-te à lama que te espera!
O Homem, que, nesta terra miserável,
Mora entre feras, sente inevitável
Necessidade de também ser fera.

Toma um fósforo. Acende teu cigarro!
O beijo, amigo, é véspera do escarro,
A mão que afaga é a mesma que apedreja.

Se a alguém causa inda pena a tua chaga,
Apedreja essa mão vil que te afaga,
Escarra nessa boca que te beija!


Augusto de Carvalho Rodrigues dos Anjos (Cruz do Espírito Santo, 20.4.1884 — Leopoldina, 12.11.1914) foi um poeta brasileiro, identificado muitas vezes como simbolista ou parnasiano. Todavia, muitos críticos preferem identificá-lo como pré-modernista, pois encontramos características nitidamente expressionistas em seus poemas. É conhecido como um dos poetas mais críticos do seu tempo, e até hoje sua obra é admirada tanto por leigos como por críticos literários.

sábado, 22 de junho de 2013

Harry Belafonte


Harold George Belafonte, Jr. (Nova Iorque, 1/3/1927) é um músico, cantor, ator, ativista político e pacifista norte-americano de ascendência jamaicana. Um dos mais bem sucedidos artistas de origem caribenha da história, foi apelidado de "Rei do Calypso" por popularizar o ritmo caribenho nos Estados Unidos nos anos 50. Durante sua carreira tem sido um radical ativista político, envolvido em lutas pelos direitos civis e diversas causas humanitárias.
Belafonte nasceu no Harlem, o bairro negro pobre da cidade de Nova Iorque e na infância viveu na Jamaica, país natal de sua mãe. De volta aos Estados Unidos, fez o colegial numa escola pública da cidade e serviu na marinha durante a Segunda Guerra Mundial. No fim dos anos 40, começou a ter aulas de arte dramática junto com Marlon Brando, Tony Curtis e Sidney Poitier, enquanto trabalhava junto ao teatro negro americano. Anos depois, receberia um Prêmio Tony por seu trabalho nos palcos da Broadway.
Belafonte sempre foi reconhecido como um dos grandes ativistas políticos dos Estados Unidos e dos mais radicais. Apesar de famoso nas artes, isto nunca lhe protegeu da discriminação racial, especialmente no sul do país, onde se recusou a se apresentar entre 1954 e 1961. Neste período, como muitos outros, foi colocado na Lista Negra pelo Macartismo, tendo dificuldades para trabalhar.
Grande seguidor do Movimento dos Direitos Civis e um dos confidentes de Martin Luther King Jr., levantou milhares de dólares para libertar sob fiança centenas de manifestantes presos e foi um dos organizadores da famosa Marcha sobre Washington.
Em 1968, ele e sua amiga, a cantora Petula Clark, protagonizaram uma cena pioneira na tv ianque, num programa especial da cantora britânica na rede NBC. Durante a gravação, enquanto cantavam juntos e sorriam um para o outro, Petula, branca, segurou por instantes nos braços e ombros de Harry, levando o patrocinador, a marca de automóveis Plymouth, a querer retirar a cena da edição final, por medo da reação do público. Petula recusou-se ameaçando impedir a transmissão do programa todo, pois ele era de sua propriedade (The Petula Clark Show) e a questão, entre a gravação e a exibição provocou grande discussão na imprensa. Quando o show foi finalmente ao ar, sem cortes, provocando grandes índices de audiência, mostrava pela primeira vez na história duas pessoas de cores diferentes tendo contato físico carinhoso durante uma transmissão de televisão.
Em 1985 foi um dos organizadores do grupo de artistas que gravou a famosa música "We Are the World" que vendeu milhões de cópias em todo mundo e ganhou um Premio Grammy, e se apresentou ao vivo no super concerto Live Aid; em 1987 foi nomeado embaixador da boa vontade da Unicef. Nesta função, foi a Ruanda e África do Sul, levantando fundos de ajuda e denunciando a miséria, exploração e racismo existente em grande escala no continente africano.
Desde o começo da carreira ele tem sido um feroz crítico da política externa ianque e, a partir dos anos 80, começou a dar declarações polêmicas aos meios de comunicação, defendendo o fim do embargo econômico a Cuba, elogiando as iniciativas de paz da ex-União Soviética, condenando a invasão de Granada, honrando a memória do Casal Rosenberg e elogiando Fidel Castro.
Harry Belafonte chamou a atenção por seus comentários políticos contra o governo Bush e a Guerra do Iraque. Sendo um dos primeiros artistas a apoiar publicamente o jornalista e documentarista Michael Moore em sua cruzada cívica contra a eleição de George Bush e a invasão do Iraque, um de seus comentários mais ácidos foi feito durante uma entrevista a uma rádio de San Diego, quando acusou, usando palavras de um de seus mentores ideológicos, Malcom X, os então Secretários de Estado dos Estados Unidos, Colin Powell e Condoleeza Rice, de serem usados como serviçais úteis do governo branco e direitista de George Bush. Rice respondeu, através do programa da jornalista Amy Goodman, Democracy Now, "que não precisava que Harry Belafonte lhe ensinasse o que era ser negra nos Estados Unidos".
"Não importa o que diga o grande tirano e terrorista do mundo, George W. Bush, estamos aqui para lhe dizer que não centenas, nem milhares, mas milhões de pessoas nos Estados Unidos apoiam o seu governo e a sua revolução." Frase dita por Harry Belafonte a Hugo Chávez em 2006, quando uma delegação americana que contava entre outros com o ator Danny Glover, foi à Venezuela, levar seu apoio à iniciativa do líder venezuelano de vender derivados de petróleo, como gasolina e óleos lubrificantes, por preços baixos a várias regiões pobres do interior dos Estados Unidos.
Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.

sexta-feira, 31 de maio de 2013

Cora Coralina



“Eu não tenho medo dos anos e não penso em velhice. E digo pra você, não pense. Nunca diga estou envelhecendo, estou ficando velha. Eu não digo. Eu não digo que estou velha, e não digo que estou ouvindo pouco. É claro que quando preciso de ajuda, eu digo que preciso. Procuro sempre ler e estar atualizada com os fatos e isso me ajuda a vencer as dificuldades da vida. O melhor roteiro é ler e praticar o que lê. O bom é produzir sempre e não dormir de dia. Também não diga pra você que está ficando esquecida, porque assim você fica mais. Nunca digo que estou doente, digo sempre: estou ótima. Eu não digo nunca que estou cansada. Nada de palavra negativa. Quanto mais você diz estar ficando cansada e esquecida, mais esquecida fica. Você vai se convencendo daquilo e convence os outros. Então silêncio! Sei que tenho muitos anos. Sei que venho do século passado, e que trago comigo todas as idades, mas não sei se sou velha, não. Você acha que eu sou? Posso dizer que eu sou a terra e nada mais quero ser. Filha dessa abençoada terra de Goiás. Convoco os velhos como eu, ou mais velhos que eu, para exercerem seus direitos. Sei que alguém vai ter que me enterrar, mas eu não vou fazer isso comigo. Tenho consciência de ser autêntica e procuro superar todos os dias minha própria personalidade, despedaçando dentro de mim tudo que é velho e morto, pois lutar é a palavra vibrante que levanta os fracos e determina os fortes. O importante é semear, produzir milhões de sorrisos de solidariedade e amizade. Procuro semear otimismo e plantar sementes de paz e justiça. Digo o que penso, com esperança. Penso no que faço, com fé. Faço o que devo fazer, com amor. Eu me esforço para ser cada dia melhor, pois bondade também se aprende. Mesmo quando tudo parece desabar, cabe a mim decidir entre rir ou chorar, ir ou ficar, desistir ou lutar; porque descobri, no caminho incerto da vida, que o mais importante é o decidir.” Cora Coralina

quinta-feira, 18 de abril de 2013

Songs from the Baobab (African Lullabies and Nursery Rhymes)



Songs from the Baobab: African Lullabies & Nursery Rhymes is a storybook-music CD compiled by Chantal Grosléziat, arranged by Paul Mindy and Illustrated by Elodie Nouhen.

This title introduces an original compilation of 29 songs that span 10 different countries such as the Ivory Coast, Rwanda and Senegal. Originating from Central and West Africa, these rythmical lullabies are sung in 11 different languages. The songs carry soothing rhymes with a variety of voices performed by men, women, and children. The lush and colorful illustrations add to the harmonious tone of the storybook while the music captivates with a melodic quality.

Each lullaby tells a story or conveys a mood of the dialogue between mother and child. The rhymes and harmonies are accompanied by authenic instruments native to the region. The lyrics are sung in their respective languages and are translated in English. Each song is followed by a short description of the cultural history (origin) behind the song. The lyrics convey the nuturing quality and honor the traditions of the music.

terça-feira, 16 de abril de 2013

Luís Gonzaga Pinto da Gama


Amo o pobre, deixo o rico, Vivo como o Tico-tico; Não me envolvo em torvelinho, Vivo só no meu cantinho: Da grandeza sempre longe, Como vive o pobre monge. Tenho mui poucos amigos, Porém bons, que são antigos, Fujo sempre à hipocrisia, À sandice, à fidalguia; Das manadas de Barões? Anjo Bento, antes trovões. Faço versos, não sou vate, Digo muito disparate, Mas só rendo obediência À virtude, à inteligência: Eis aqui o Getulino Que no pletro anda mofino. Sei que é louco e que é pateta Quem se mete a ser poeta; Que no século das luzes, Os birbantes mais lapuzes, Compram negros e comendas, Têm brasões, não — das Kalendas, E, com tretas e com furtos Vão subindo a passos curtos; (...)
Dou de rijo no pedante De pílulas fabricante, Que blasona arte divina, Com sulfatos de quinina, Trabusanas, xaropadas, E mil outras patacoadas, Que, sem pinga de rubor, Diz a todos, que é DOUTOR! Não tolero o magistrado, Que do brio descuidado, Vende a lei, trai a justiça — Faz a todos injustiça — Com rigor deprime o pobre Presta abrigo ao rico, ao nobre, E só acha horrendo crime No mendigo, que deprime. - Neste dou com dupla força, Té que a manha perca ou torça. Fujo às léguas do lojista, Do beato e do sacrista Crocodilos disfarçados, Que se fazem muito honrados, Mas que, tendo ocasião, São mais ferozes que o Leão. Fujo ao cego, lisonjeiro, Que, qual ramo de salgueiro, Maleável, sem firmeza, Vive à lei da natureza; Que, conforme sopra o vento, Dá mil voltas num momento. O que sou, e como penso, Aqui vai com todo o senso, Posto que já veja irados Muitos lorpas enfunados, Vomitando maldições, Contra as minhas reflexões. Eu bem sei que sou qual grilo De maçante e mau estilo; E que os homens poderosos Desta arenga receosos Hão de chamar-me — tarelo, Bode, negro, Mongibelo; Porém eu que não me abalo, Vou tangendo o meu badalo Com repique impertinente, Pondo a trote muita gente. Se negro sou, ou sou bode Pouco importa. O que isto pode?
Luís Gonzaga Pinto da Gama (Salvador, 21.6.1830 — São Paulo, 24.8.1882) foi um rábula, jornalista e escritor brasileiro. Filho de um fidalgo português, Nabor da Gama Filho, e de Luísa Maheu (ou Luísa Mahin), africana da nação Nagô, nascida na costa da Mina, liberta. Sua mãe trabalhava no comércio como quitandeira, sendo conhecida na cidade de Salvador, Bahia. Conforme texto autobiográfico do próprio Luís, a sua mãe foi detida em várias ocasiões, por se envolver em planos de insurreições de escravos, como a Revolta dos Malês (1835). Em 1837, acusada de participação na Sabinada, a sua mãe foi deportada para o Rio de Janeiro, onde desapareceu. Como nunca se converteu ao cristianismo, Luís só aos oito anos de idade foi batizado. Em 10 de novembro de 1840, o jovem, então com dez anos de idade, foi vendido ilegalmente por seu próprio pai como escravo, afirma-se que devido a uma dívida de jogo.

Luís Gama foi transportado como escravo no patacho Saraiva até à cidade do Rio de Janeiro, ficando com o comerciante Vieira, estabelecido na esquina da Rua da Candelária com a Rua do Sabão. Ainda em 1840 foi vendido para o alferes Antônio Pereira Cardoso num lote de mais de cem escravos, sendo todos trazidos para a então Província de São Paulo pelo Porto de Santos.

De Santos até à cidade de Campinas a viagem foi realizada a pé. Em Campinas ninguém o comprou por ser baiano. Os escravos baianos tinham fama de revoltosos ("negros fujões"). Já que o alferes não conseguiu vendê-lo, foi utilizado na sua fazenda em Lorena, onde aprendeu os ofícios do escravo doméstico - copeiro, sapateiro, lavar, passar e engomar.

Em 1847, quando tinha dezessete anos, o estudante Antônio Rodrigues de Araújo hospedou-se na fazenda do alferes. O jovem tornou-se amigo de Luís Gama e o ensinou a ler e escrever. Gama, conscientizando-se da ilegalidade de sua condição, evadiu-se para a cidade de São Paulo em 1848, inscrevendo-se nas milícias, onde deu baixa em 1854 na patente de cabo graduado, após ser detido por causa de um ato que o próprio Gama classificou como "suposta insubordinação" já que, segundo afirmou, apenas se limitara a responder a um oficial que o insultara. Nessa cidade, por volta de 1850, casou-se, e freqüentou, como ouvinte, o curso de Direito na Faculdade do Largo de São Francisco, e não conseguiu ser diplomado por não frequentar oficialmente as aulas, por ser negro. Em 1856, retornou à Força Pública, como funcionário da Secretaria da Repartição.

Na década de 1860 tornou-se jornalista de renome, ligado aos círculos do Partido Liberal. Entre 1864 e 1875 colaborou no Diabo Coxo e no Cabrião, de Angelo Agostini, no Ipiranga, Coroaci e em O Polichileno. Fundou, em 1869, o jornal Radical Paulistano, com Rui Barbosa. Participou da criação do Club Radical e, mais tarde, da criação do Partido Republicano Paulista (1873), ao qual se manteve ligado até à sua morte, em 1882. Por volta de 1880, foi líder da Mocidade Abolicionista e Republicana.

Advogado provisionado, passou a ganhar a vida como rábula, a partir de sua demissão do emprego de amanuense por motivos políticos, ligados à veemência da sua atuação jurídica a favor da libertação dos escravos Sendo maçom pela Loja Maçônica América, tinha o apoio (inclusive financeiro) da Loja Maçônica que era abolicionista, e desta então despenderia a maior parte de suas energias em levar aos tribunais causas cíveis de liberdade.

sexta-feira, 29 de março de 2013

Angela Davis

Angela Yvonne Davis (Birmingham, 26 de janeiro de 1944) é uma professora e filósofa socialista estado-unidense que alcançou notoriedade mundial na década de 1970 como integrante do Partido Comunista dos Estados Unidos, dos Panteras Negras, por sua militância pelos direitos das mulheres e contra a discriminação social e racial nos Estados Unidos e por ser personagem de um dos mais polêmicos e famosos julgamentos criminais da recente história americana.

Angela nasceu no estado do Alabama, um dos mais racistas do sul dos Estados Unidos e desde cedo conviveu com humilhações de cunho racial em sua cidade. Leitora voraz quando criança, aos 14 anos participou de um intercâmbio colegial que oferecia bolsas de estudo para estudantes negros sulistas em escolas integradas do norte do país, o que a levou a estudar no Greenwich Village, em Nova Iorque, onde travou conhecimento com o comunismo e o socialismo teórico, sendo recrutada para uma organização comunista de jovens estudantes.

Na década de 1960, Angela tornou-se militante do partido e participante ativa dos movimentos negros e feministas que sacudiam a sociedade americana da época, primeiro como filiada da SNCC de Stokely Carmichael e depois de movimentos e organizações políticas como o Black Power e os Panteras Negras.

Em 18 de agosto de 1970, Angela Davis tornou-se a terceira mulher a integrar a Lista dos Dez Fugitivos Mais Procurados do FBI, ao ser acusada de conspiração, sequestro e homicídio, por causa de uma suposta ligação sua com uma tentativa de fuga do tribunal do Palácio de Justiça do Condado de Marin, em São Francisco.

Durante o verão daquele ano, Angela estava envolvida nos esforços dos Panteras Negras para conquistar a apoio da sociedade a três militantes presos, George Jackson, Fleeta Drumgo e John Clutchette, conhecidos como os “Irmãos Soledad”, por terem sido aprisionados na Prisão de Soledad, em Monterey.

No dia 7 de agosto, Jonathan Jackson, o irmão de 17 anos de George, em companhia de dois outros rapazes, interrompeu de armas na mão um julgamento num tribunal na tentativa de ajudar a fuga do réu do caso que estava sendo julgado, o amigo James McClain, acusado de ter esfaqueado um policial. Jonathan e seus amigos se levantaram do meio da assistência na sala do júri e renderam todos no recinto, conduzindo o juiz, o promotor e vários jurados para uma van estacionada do lado de fora. Ao entrar na van, Jackson gritou que queria os “Irmãos Soledad soltos até o meio dia e meia em troca da vida dos reféns”.

No tiroteio que se seguiu com a perseguição policial ao grupo, Jonathan e um amigo foram mortos pela polícia, não sem antes matarem o juiz Harold Haley com um tiro na garganta e o promotor raptado ficou paralítico com um tiro da polícia. As investigações que se seguiram identificaram a arma de Jonathan como registrada em nome de Angela Davis.

Com sua prisão decretada pelo estado da Califórnia e o FBI em seu encalço, Ângela fugiu do estado e desapareceu por dois meses, sendo alvo de uma das maiores caçadas humanas do país na época, acompanhada dia a dia pela mídia, até ser presa em Nova Iorque em outubro. O julgamento de dezoito meses que se seguiu, colocou uma mulher negra, jovem, bonita, culta e politizada, assessorada por uma equipe brilhante de advogados, no centro das atenções da imprensa americana num paralelo que só seria igualado décadas depois pelo julgamento de O.J. Simpson. Nos longos debates na corte, não apenas o caso criminal envolvido veio à tona, mas uma grande discussão sobre a condição negra na sociedade americana foi travada. Manifestações diárias por sua libertação e absolvição aconteciam do lado de fora do tribunal e por todo o país, transmitidos ao vivo pela televisão.

Dezoito meses após o início do julgamento, Angela foi inocentada de todas as acusações e libertada. John Lennon e Yoko Ono lançaram a música Angela em sua homenagem e os Rolling Stones gravaram Sweet Black Angel, cuja letra falava de seus problemas legais e pedia sua libertação.

Finalmente livre, Angela foi temporariamente para Cuba, seguindo os passos de seus amigos, os ativistas radicais Huey Newton e Stokely Carmichael. Sua recepção na ilha pelos negros cubanos num comício de massa foi tão entusiástico que ela mal pôde discursar. De acordo com Carlos Moore, um escritor bastante crítico das relações raciais na Cuba comunista, sua visita ao país causou grande impacto entre a população negra num tempo em que expressões de identidade racial eram bem raras em Cuba. Suas credenciais revolucionárias permitiram aos nativos se identificarem de público com seus pensamentos, sem medo de serem taxados de contra-revolucionários pelo governo cubano.

Em 1975, fatos polêmicos também aconteceram, entretanto, como o discurso crítico feito contra Angela pelo dissidente russo Aleksandr Solzhenitsyn em Nova York, que lhe acusava de hipocrisia em sua simpatia pela União Soviética, ao não falar sobre as condições dos prisioneiros políticos em regimes comunistas e por ignorar uma carta de presos políticos tchecos perseguidos pelo Estado lhe pedindo ajuda, como celebridade comunista que era agora, para denunciar as condições em que eram submetidos na cadeia, sabendo-se, como ela, inocentes. A resposta de Angela, “eles merecem o que tiveram, que continuem na prisão”, foi bastante explorada pela imprensa na época.

Angela Davis candidatou-se a vice-presidente dos Estados Unidos em 1980 e 1984 como companheira de chapa de Gus Hall, presidente do Partido Comunista americano, tendo votação irrisória. Continuou sua carreira de ativista política e escreveu diversos livros, principalmente sobre as condições carcerárias no país.

Se considera uma abolicionista, não uma reformista prisional. Em suas palestras sempre se refere ao sistema carcerário americano como um complexo industrial de prisões; aponta como um das soluções para o problema a extinção do cumprimento de penas em presídios e como fator determinante da maioria de prisioneiros americanos serem de negros e latinos a questão da raça e classe social.

Nos últimos anos continua a fazer discursos e palestras principalmente em ambientes universitários e se mantém como uma figura proeminente na luta pela abolição da pena de morte na Califórnia. Em 1977-1978 foi-lhe atribuído o Prêmio Lênin da Paz.

"Racism, in the first place, is a weapon used by the wealthy to increase the profits they bring in by paying Black workers less for their work."

"Jails and prisons are designed to break human beings, to convert the population into specimens in a zoo - obedient to our keepers, but dangerous to each other."

"To understand how any society functions you must understand the relationship between the men and the women."


domingo, 10 de março de 2013

Guerra do Paraguai


Em 18 de novembro de 1867, Caxias aconselha o fim da Guerra que, aliás, já durava três anos, pela dificuldade de manter o moral das tropas, enquanto enaltece o arrojo, a intrepidez e a valentia do soldado paraguaio - "um soldado extraordinário, invencível, sobre-humano. [...] Tudo isso faz com que, ante os soldados paraguaios, não sejam garantias as vantagens numéricas, as vantagens de elementos e as vantagens de posição" -, escreve ao Imperador. "Vossa Majestade houve por bem encarregar-me muito especialmente do emprego do ouro (nota: alusão clara à corrupção pelo dinheiro, à qual, segundo Caxias, é imune o povo paraguaio.) [...[para aplainar a campanha [...]; mas o ouro, Majestade, é matéria inerte contra o fanatismo pátrio dos paraguaios." (Grifos do autor.) Para vencer o Paraguai é preciso que a guerra "seja uma guerra determinada e determinante de destruição, de aniquilamento" e em caso de triunfo ter-se-ia de "reduzir a cinzas a população paraguaia inteira [...] isto não é exagerado [pois] se acabássemos de matar os homens, teríamos que combater com as mulheres, que sucederiam a estes com igual valor, com o mesmo ardor marcial." E arrolando os enormes recursos, os milhares de homens sacrificados: "Os sacrifícios de todo gênero que ela nos custa; e se tudo isto não tem dado por resultado mais que nossa abatida situação, quanto tempo, quantos homens, quantas vidas e quantos elementos e recursos precisaremos para terminar a guerra, isto é, para converter em fumo e pó toda a população paraguaia, para matar até o feto no ventre da mulher, e matá-lo não como a um feto, mas como a um adail?" - pergunta. (nota: adail: cabo-de-guerra ou oficial superior no antigo exército português; defensor dedicado de uma causa ou movimento.)

História do Maranhão: A Monarquia, de Carlos Lima, São Luís: Instituto Geia, 2008, páginas 372-373.

quinta-feira, 28 de fevereiro de 2013

Racionais MC's - Jesus chorou



Racionais MC's é um grupo brasileiro de rap, fundado em 1988 (mas segundo Edy Rock oficialmente só em 1990) na periferia da cidade de São Paulo por Mano Brown (Pedro Paulo Soares Pereira), Ice Blue (Paulo Eduardo Salvador), Edy Rock (Edivaldo Pereira Alves) e KL Jay (Kleber Geraldo Lelis Simões). Suas letras falam sobre a realidade das periferias urbanas brasileiras, discutindo temas como o crime, pobreza, preconceito social e racial, drogas e consciência política. Usando a linguagem da periferia, com expressões típicas das comunidades pobres com o objetivo de comunicar-se de forma mais eficaz com o público jovem de baixa renda, as letras do grupo fazem um discurso contra a opressão à população marginalizada na periferia e procuram passar uma postura contra a submissão e a miséria. Apesar de atuar essencialmente na periferia paulistana, de não fazer uso de grandes mídias e se recusar a participar de grandes festivais pelo Brasil, o grupo vendeu durante a carreira cerca de 1 milhão em álbuns.

terça-feira, 5 de fevereiro de 2013

Fred Maia - Poema

impera

irradia
luz no quarto escuro
vai
anda
escorre
busca
lugar na montanha de fezes soltas
contempla
o que é ilegal na engorda
baba
sobre a modernização das azedas avenidas
monta
a máquina de morte flaneur
flanela
sitia
beiras de rios de esgoto

absorto solto
sólido morto

foto e colagem de Mércia Costa

Adquira uma impressão emoldurada desta colagem clicando no link abaixo:

https://society6.com/product/poem2174654_framed-mini-art-print?sku=s6-11245042p114a265v873a266v877



terça-feira, 29 de janeiro de 2013

Legião Urbana - L'âge D'or



L'Âge D'Or
Legião Urbana

Aprendi a esperar
Mas não tenho mais certeza
Agora que estou bem
Tão pouca coisa me interessa...

Contra minha própria vontade
Sou teimoso, sincero
E insisto em ter
Vontade própria...

Se a sorte foi um dia
Alheia ao meu sustento
Não houve harmonia
Entre ação e pensamento...

Qual é teu nome?
Qual é teu signo?
Teu corpo é gostoso
Teu rosto é bonito...

Qual é o teu arcano?
Tua pedra preciosa?
Acho tocante
Acreditares nisso...

Já tentei muitas coisas
De heroína a Jesus
Tudo que já fiz
Foi por vaidade
Jesus foi traído
Com um beijo
Davi teve um grande amigo
Não sei mais
Se é só questão de sorte...

Eu vi uma serpente
Entrando no jardim
Vai ver
Que é de verdade dessa vez...

Meu tornozelo coça
Por causa de mosquito
Estou com os cabelos molhados
Me sinto limpo...

Não existe beleza na miséria
E não tem volta por aqui
Vamos tentar outro caminho
Estamos em perigo
Só que ainda não entendo
É que tudo faz sentido...

E não sei mais
Se é só questão de sorte
Não sei mais, não sei mais
Não sei mais...

Oh! Oh!
Lá vem os jovens
Gigantes de mármore
Oh! Oh! Oh! Oh!
Trazendo anzóis
Nas palmas da mão
Oh! Oh! Oh! Oh!...

Não é belo todo
E qualquer mistério?
Oh! Oh! Oh! Oh!
O maior segredo
É não haver mistério algum
Oh! Oh! Oh! Oh!...

quinta-feira, 17 de janeiro de 2013

Dom Cosme Bento das Chagas, Tutor e Imperador da Liberdade Bem-Te-Vi


Cosme Bento das Chagas (Sobral, 1800? 1802? — Itapecuru-Mirim, 20 de setembro de 1842) foi um líder quilombola brasileiro. Em 1830, já alforriado, foi preso em São Luís, no Maranhão, por ter assassinado Francisco Raimundo Ribeiro. Fugiu da prisão e, após um período em que pouco se sabe sobre sua vida, se torna líder de quilombos e passa a ser conhecido em 1839 por alguns incidentes provocados por negros na Vila de Itapicuru-Mirim. Em dezembro do ano anterior o movimento conhecido como Balaiada eclodiu no Maranhão a partir da invasão da cadeia da Vila da Manga por Raimundo Gomes. Com a adesão de Manuel Francisco dos Anjos Ferreira, conhecido como Manuel Balaio, o movimento se expandiu e, após o cerco e tomada da cidade de Caxias, se expandiu para o Piauí. Com a repressão efetuada por Luís Alves de Lima e Silva, a resistência só pôde ser mantida com o apoio militar de Cosme Bento e seus mais de 3000 comandados à Raimundo Gomes (julho/agosto de 1840). Cosme adotou o título de Dom Cosme Bento das Chagas, Tutor e Imperador da Liberdade Bem-Te-Vi e fundou na fazenda Tocanguira o maior quilombo da história do Maranhão. No final de 1840 as tropas legalistas atacam o quilombo de Cosme sendo que a promessa de anistia para os não escravos foi um fator que pesou contra a resistência da Balaiada. Após a rendição de Raimundo Gomes em 15 de janeiro de 1841, o movimento é considerado debelado, mas Cosme só é preso em Mearim no dia 14 de fevereiro daquele ano. Condenado por sublevar escravos e por sua fuga da prisão é morto no dia 20 de setembro de 1842, o grande líder da Balaiada Cosme Bento das Chagas, o Negro Cosme, foi enforcado em frente a Cadeia Pública de Itapecuru (Maranhão), hoje Casa da Cultura Prof. João Silveira.

domingo, 6 de janeiro de 2013

Elisa Arreguy Maia lança 'Textualidade Llansol'

Convite de lançamento do livro de Elisa Arreguy Maia, psicanalista, graduada em Psicologia e doutora em Letras (Literatura Comparada) pela FALE-UFMG.