terça-feira, 1 de março de 2016

Walter Smetak, o Alquimista dos Sons

No dia 12 de fevereiro comemorou-se 103 anos de nascimento do músico, compositor, escritor, escultor e, sobretudo, inventor de instrumentos musicais, o luthier do novo mundo Anton Walter Smetak, suíço que adotou o Brasil em 1937, fixando-se na Bahia a partir de 1957. Filho de um casal tcheco que habitava a cidade de Zurique.

Smetak desde cedo teve contato com a música. Em 1929, ingressou no Conservatório de Zurique. Continuou seus estudos no Mozarteum de Salzburg e diplomou-se como concertista de violoncelo em Viena.

Em 1937 mudou-se para o Brasil, contratado por uma Orquestra Sinfônica de Porto Alegre. Descobriu apenas após sua chegada que a orquestra já não existia mais. Passa a viver em São Paulo e Rio de Janeiro, tocando em festas, cassinos, orquestras de rádio.

Trabalhou durante alguns anos como músico contratado na Orquestra Sinfônica Brasileira, atuando também na Rádio Nacional, Rádio Tupi, Rádio Guanabara e no Teatro Municipal. Em São Paulo, trabalhou em 1952 no Teatro Municipal e, mais tarde, nas rádios Record e Bandeirantes. Acompanha cantores em gravações e chega a tocar com Carmem Miranda.

Em 1957 muda-se para Salvador, na Bahia, chamado por Hans Joachim Koellreuter, onde passa a ser pesquisador e professor na Universidade Federal da Bahia. Lá conhece a teosofia e passa a realizar pesquisas sonoras. Constrói uma oficina onde cria instrumentos musicais com tubos de PVC, cabaças, isopor e outros materiais pouco usuais. Alguns dos instrumentos não têm utilidade puramente musical. São esculturas influenciadas por sua forma mística de encarar a música e as formas.

Ao longo de sua permanência na UFBa, o músico construiu cerca de 150 destes instrumentos, os quais chamou de "plásticas sonoras". Além disso atuou como violoncelista na Orquestra Sinfônica da Universidade Federal da Bahia e lecionava som e acústica. A partir de 1969, sua oficina passou a ser frequentada por Gilberto Gil, Aderbal Duarte e Tuzé de Abreu. Além deles, também foram seus alunos Tom Zé, Gereba, Djalma Correia, Bira Reis e Marco Antônio Guimarães, fundador do grupo mineiro Uakti, entre tantos outros.

Para executar seus instrumentos, criou, com os alunos da Universidade o "Grupo de Mendigos" que realizou apresentações na Bahia e em São Paulo.

Em 1972, Caetano Veloso citou Smetak na canção "Épico": "Smetak, Smetak & Musak & Smetak & Musak & Razão". Walter Smetak foi um artista profundamente inquieto tendo influenciando toda uma geração de músicos.

Sua obra abordou diretamente as questões mais relevantes para o criador musical no século XX. Ele faleceu em Salvador no dia 30 de maio de 1984, aos 71 anos.