domingo, 10 de março de 2013

Guerra do Paraguai


Em 18 de novembro de 1867, Caxias aconselha o fim da Guerra que, aliás, já durava três anos, pela dificuldade de manter o moral das tropas, enquanto enaltece o arrojo, a intrepidez e a valentia do soldado paraguaio - "um soldado extraordinário, invencível, sobre-humano. [...] Tudo isso faz com que, ante os soldados paraguaios, não sejam garantias as vantagens numéricas, as vantagens de elementos e as vantagens de posição" -, escreve ao Imperador. "Vossa Majestade houve por bem encarregar-me muito especialmente do emprego do ouro (nota: alusão clara à corrupção pelo dinheiro, à qual, segundo Caxias, é imune o povo paraguaio.) [...[para aplainar a campanha [...]; mas o ouro, Majestade, é matéria inerte contra o fanatismo pátrio dos paraguaios." (Grifos do autor.) Para vencer o Paraguai é preciso que a guerra "seja uma guerra determinada e determinante de destruição, de aniquilamento" e em caso de triunfo ter-se-ia de "reduzir a cinzas a população paraguaia inteira [...] isto não é exagerado [pois] se acabássemos de matar os homens, teríamos que combater com as mulheres, que sucederiam a estes com igual valor, com o mesmo ardor marcial." E arrolando os enormes recursos, os milhares de homens sacrificados: "Os sacrifícios de todo gênero que ela nos custa; e se tudo isto não tem dado por resultado mais que nossa abatida situação, quanto tempo, quantos homens, quantas vidas e quantos elementos e recursos precisaremos para terminar a guerra, isto é, para converter em fumo e pó toda a população paraguaia, para matar até o feto no ventre da mulher, e matá-lo não como a um feto, mas como a um adail?" - pergunta. (nota: adail: cabo-de-guerra ou oficial superior no antigo exército português; defensor dedicado de uma causa ou movimento.)

História do Maranhão: A Monarquia, de Carlos Lima, São Luís: Instituto Geia, 2008, páginas 372-373.

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